sexta-feira, 6 de março de 2015

Micotoxinas: o perigo oculto nos alimentos

No panorama atual mundial é crescente a preocupação  com a segurança alimentar,o uso de agrotóxicos, conservantes e a qualidade dos alimentos que chegam à mesa.
Os alimentos são frequentemente sujeitos à contaminação por microorganismos  e suas toxinas em todas as fases de seu processamento. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), as toxinas têm se caracterizado como uma das principais causas de doenças de origem alimentar.
As toxinas ou  micotoxinas são metabolitos tóxicos  produzidos por alguns fungos filamentosos que podem surgir a partir de fatores biológicos ou ambientais, na colheita, armazenagem e distribuição dos alimentos, dependendo das condições de umidade, temperatura e da presença de oxigênio.
As toxinas  mais relevantes para a segurança sanitária de alimentos são as aflatoxinas, a ocratoxina A, a zearalenona , a patulina, dentre outras.
As aflatoxinas são encontradas como contaminantes em:
– Amendoim, Nozes, Castanhas,Amêndoas,Milho, Centeio, Cevada, Sorgo, Trigo, Aveia, Arroz,Feijão, Frutas secas e no Leite.
As ocratoxinas são encontradas em alimentos como:
– Milho, Cevada, Centeio, Trigo, Aveia, Suco  de uvas e Vinhos, Carne suína e embutidos.
A zearalenona  pode estar presente em:
- Milho, cevada  , malte.  Centeio, Aveia, Arroz Banana, nozes, Soja e na Cerveja.
É fundamental ressaltar que a ação do cozimento, mesmo em altas temperaturas, não destrói as toxinas já presentes nos alimentos.

Toxicidade
A exposição crônica em baixas doses poderá levar a anorexia, retardo do crescimento, imunotoxicidade,reprodução prejudicada e baixo desenvolvimento resultante de toxicidade materna.
Também ocorrem alterações na resposta imune inata e na microbiota(flora intestinal).
Casos mais graves de exposição as micotoxinas, como câncer de fígado e  câncer mamário,  estão relatados na revista Nature, vol516 de 04/12/2014.

Cuidados
É  preciso tomar cuidado ao comprar alimentos principalmente os que não são submetidos à fiscalização sanitária.
Dê preferência aos alimentos da época, provenientes de pequenos produtores, pois tem menor tempo de estocagem evitando assim  o desenvolvimento de fungos e toxinas.
Na sua casa, guarde os alimentos em lugar seco,limpo, evite a estocagem de grandes quantidades e sempre observe o tempo de validade de cada produto.
Também é importante consumir alimentos com  selo de qualidade como o fornecido pela ABICAB( Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Derivados).

 Regulação brasileira
Os alimentos comercializados no Brasil devem respeitar um limite máximo para a presença de micotoxinas, de acordo com a Resolução RDC 07/2011, publicada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A norma da agência estabelece limite para 14 categorias de alimentos, como leite e produtos lácteos, sucos de maçã e uva, dentre outros. 

A resolução, no entanto, terá sua implementação plena em 2016 .  Confira na integra a resolução RDC 07/2011 - www.anvisa.com.br

Fontes:

Universidade Federal de Lavras
Food Control (2013) -87-92
Micotoxinas em Alimentos- Scussel, Vlides Maria
Anvisa

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

O GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 2014

No dia 5 de novembro foi lançado o novo Guia Alimentar para a População Brasileira pelo Ministério da Saúde. 

O QUEVOCÊ ENCONTRA NESTE GUIA
O capítulo 1 descreve os princípios que nortearam sua elaboração. 
O capítulo 2 enuncia recomendações gerais sobre a escolha de alimentos. Estas recomendações, consistentes com os princípios orientadores deste guia, propõem que alimentos in natura ( carnes, legumes, frutas) ou minimamente processados ( arroz, feijão, lentilha ), em grande variedade e predominantemente de origem vegetal, sejam a base da alimentação e evitar os ultraprocessados ( como salgadinhos, bolachinhas, macarrão instantâneo, sucos industrializados e refrigerantes)
O capítulo 3 traz orientações sobre como combinar alimentos na forma de refeições. 
O capítulo 4 traz orientações sobre o ato de comer e a comensalidade, abordando as circunstâncias – tempo e foco, espaço e companhia – que influenciam o aproveitamento dos alimentos e o prazer proporcionado pela alimentação.
O capítulo 5 examina fatores que podem ser obstáculos para a adesão das pessoas às recomendações deste guia – informação, oferta, custo, habilidades culinárias, tempo e publicidade
As recomendações  do  guia são sintetizadas  em  “Dez Passos para uma Alimentação Adequada e Saudável”:
1- A base da alimentação deve ser com alimentos in natura ou minimamente processados;
2- O sal, o açúcar, os óleos e as gorduras em geral devem ser utilizados em pequenas quantidades e apenas para  temperar, cozinhar alimentos e nas preparações culinárias;
3- Limitar o consumo de alimentos processados ( bolachas, salgadinhos, etc)
4-Evitar o consumo de alimentos ultraprocessados ( fast food, doçuras, sorvetes);
5- Fazer refeições regulares, em ambiente adequado e se possível com companhia;
6- Comprar em locais que ofereçam alimentos orgânicos e  frescos;
7- Cozinhar em casa e desenvolver habilidades culinárias;                        
8- Planejar o tempo para fazer as refeições com calma;
9- Nas refeições fora de casa, priorizar locais que ofereçam alimentos preparados na hora;
10-  Avaliar  informações, orientações e  mensagens a respeito de alimentação veiculadas em propagandas comercias e fontes duvidosas;

O download do guia está disponível em http://dab.saude.gov.br/portaldab/biblioteca.phpconteudo=publicacoes/guia_alimentar2014

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Um risco oculto: leite materno contaminado com metais tóxicos

A amamentação estabelece um  vínculo entre a mãe e seu recém-nascido. O leite materno passa anticorpos  e contribui para o  bem-estar psicológico do bebê, no entanto, ele também pode prejudicar algumas crianças, se estiver contaminado com metais tóxicos.
Um novo estudo realizado por S. Allen Counter, professor clínico de neurologia e diretor da Fundação Harvard, mostra que altos níveis de chumbo, assim como outros metais tóxicos, como mercúrio e cádmio, pode passar da mãe para filho através do leite materno. O estudo é descrito em um artigo publicado neste mês no Journal of Toxicology and Environmental Health.
O mais grave  é que as gestantes, mesmo em países desenvolvidos,  não conhecem sobre os  riscos  dos metais tóxicos, especialmente o chumbo, que  é absorvido nos  ossos e que  durante a gravidez migra para o útero , o qual passa para o  feto e acumula-se também  no leite materno de maneira  que a quantidade de chumbo no leite da mãe é essencialmente igual a encontrada no sangue .
Como parte do estudo, os pesquisadores  coletaram amostras de leite de cerca de 24  mães  na comunidade de índios quíchuas da América do Sul, e enviou-as para os Estados Unidos para testes. Os resultados, segundo eles, foram surpreendentes. 
Nos Estados Unidos, as mulheres apresentam geralmente níveis de chumbo entre 2,2 e 2,4 microgramas por litro de leite. Na América do Sul, os investigadores encontraram uma mulher andina Quechua com 49 microgramas por litro, e seu lactente tinha um nível de chumbo no sangue de 107 microgramas por litro, ou seja, mais de 20 vezes acima do nível de risco do CDC que é de 5 microgramas por litro.
O Dr. Counter em suas visitas às aldeias examinou também como níveis elevados de chumbo afetavam os níveis cognitivos da população e  observou , ainda que, muitas crianças ao cumprimentá-lo ,sorriam, e seus dentes eram escuros, quase pretos, porque  absorveram muito chumbo.
As principais vias de exposição ao chumbo são  oral, inalatória e cutânea. As fontes de contaminação são : água, bateria para veículos, uso de porcelana esmaltada e pintada, utensílios de PVC, plásticos, borrachas, soldas, fabricação caseira de chumbadas de pesca e cartuchos; tinturas de cabelo, tintas de brinquedos e de parede,mamadeiras de vidro, alimentos enlatados,agrotóxicos, emissões industriais e cosméticos.
Sabe-se hoje que o chumbo afeta múltiplos órgãos e tecidos, principalmente cérebro, ossos, fígado, rins, testículos, esperma, sistema imunológico e pulmões. Em crianças, à medida que aumenta o grau de contaminação agravam-se os sintomas: dificuldades de aprendizagem e atenção, apatia, dores de cabeça e convulsões, diminuição de QI, perda de audição, comportamento agressivo, retardamento mental e no crescimento , dores abdominais e nas articulações, nefropatia, anemia e outras. 
Em adultos, são relatados na literatura médica, progressivamente: hipertensão, desordens do sistema nervoso, perda de memória, irritabilidade, dores de cabeça, encefalopatia, esterilidade e impotência, nefropatia, anemia e diminuição da longevidade.

http://news.harvard.edu