Estudo mostra que o ar de Porto Alegre é capaz de provocar reações inflamatórias em todo o corpo . Ao reproduzir em laboratório os efeitos das partículas na saúde de quem mora na capital , onde a concentração de poluentes ultrapassa em mais de 120% , limite estipulado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), mostrou que os efeitos de respirar gases tóxicos e partículas não ficam restritos aos pulmões.
No experimento realizado com ratos na Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), a farmacêutica Ana Claudia Zanchi demonstrou que inspirar poluentes causa danos ao coração, ao fígado e, provavelmente, ao cérebro.
Os quatro meses em que os roedores respiraram ar contaminado emitido pelas chaminés das indústrias e dos escapamentos de veículos também foram suficientes para inverter a lógica natural do mundo animal. Uma provável mutação genética nos cromossomos dobrou o índice de nascimento de fêmeas em comparação ao de machos – dado já observado também em estudos com humanos.
Na análise, a pesquisadora verificou que a poluição gera um aumento dos radicais livres, moléculas que em excesso, danificam e matam as células.
Passar de duas a três horas em um corredor de ônibus equivale a fumar três cigarros por dia – diz o médico patologista do Laboratório de Poluição da Faculdade de Medicina da USP ,Paulo Saldiva, orientador da pesquisa da farmacêutica gaúcha.
Para reduzir as emissões, uma das saídas é adotar o diesel menos poluente como combustível automotivo. No Brasil, 10% da frota a diesel é responsável por metade da poluição nos centros urbanos. Uma resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) já determina a redução da concentração de enxofre do combustível e dá prazo até janeiro de 2009 para que as fabricantes se adaptem à norma.
zero hora - caderno vida - 22 de setembro de 2008