segunda-feira, 23 de março de 2015

O futuro é de velhos, gordos, inférteis e doentes

O biólogo francês Jean-François Bouvet está chamando a atenção internacional com um livro recém-lançado na França, Mutants: à quoi ressembleronsnous demain? (Mutantes: como seremos amanhã?).
Nele, o professor da Universidade Claude Bernard, Lyon, após dez anos de pesquisa em neurobiologia, retoma a tese de que as modificações ambientais produzidas pelo homem, desde a Revolução Industrial, estão causando uma transformação inédita na espécie maior que a seleção natural . “O homem provocou um Big Bang químico que agora age sobre ele”.
 Velho, gordo, mais alto , infértil e doente - esse é o retrato do ser humano atual e do seu futuro.
 De acordo com a pesquisa, a altura dos franceses aumentou quase cinco centímetros nos últimos 30 anos, mas, em compensação, mais de 15% da população adulta se tornou obesa. Ao mesmo tempo, atualmente uma entre quatro meninas afroamericanas entra na puberdade por volta dos 7 anos. E, em meio século, a concentração de espermatozoides diminuiu 40% nos homens de todo o planeta, sendo acompanhada por uma diminuição das taxas de testosterona( hormônio da sexualidade masculina).
A flora intestinal também vem se modificando devido à ingestão de novos alimentos, nos tornando inaptos a assimilar os alimentos antigos, o que gera inúmeras alergias.
Outra estatística alarmante é o número de casos de Alzheimer.Só na França a previsão é de que haverá 2 milhões de doentes até 2020.
Pouco otimista, Bouvet acredita que O Homo sapiens (Homem sábio) estaria virando Homo perturbatus (Homem perturbado). Nesse sentido, não  parece ilegítimo falar de “retroevolução”, porque se trata de uma evolução para trás, um tipo de feedback.

Mutação química
Há um fenômeno global em que o homem inventa novas moléculas e faz isso tão rapidamente que não há tempo para estudos sérios sobre seu impacto. Elas são logo colocadas no mercado e, só depois, percebemos que são perigosas. Estamos falando de coisas como herbicidas, pesticidas ,fungicidas, os parabenos , os ftalatos e Bisfenol A que jogamos no ambiente sem parar. Uma pesquisa de 2012 com cerca de 4000 americanos mostra  que mais de 95% dos adultos apresentam o Bisfenol A na  urina e um terço das mulheres e 30% dos homens são obesos.
 Essa substância está presente principalmente em embalagens de plástico feito de policarbonato e no revestimento interno de latas de alumínio, como as de refrigerante, por exemplo. Uma vez no organismo, o Bisfenol A (BPA) imita a ação do estrogênio, um hormônio sexual feminino, interferindo diretamente no funcionamento de algumas glândulas endócrinas, podendo também aumentar ou diminuir a ação de vários hormônios. O bisfenol A vem sendo associado a alguns tipos de câncer, como o de mama, além de problemas de reprodução, obesidade, puberdade precoce e doenças cardíacas. 
O Ministério da Saúde registrou 8 mil casos de intoxicação por agrotóxicos no Brasil em 2011. Entre os trabalhadores rurais, os dados apontam que um número cada vez maior de mulheres estão sendo afetadas pelo produto, embora existam mais notificações sobre a intoxicação de homens.
Sempre que possível, escolha alimentos orgânicos, beba muito liquido e faça desintoxicação do organismo.
Podemos reduzir a ingestão do Bisfenol A evitando brinquedos plásticos, mamadeiras, embalagens de plástico para alimentos e bebidas que tenham o símbolo ‘PC’, que significa policarbonato, ou cujo símbolo de reciclagem leve os números 3 ou 7, que indicam a presença do BPA.


sexta-feira, 6 de março de 2015

Micotoxinas: o perigo oculto nos alimentos

No panorama atual mundial é crescente a preocupação  com a segurança alimentar,o uso de agrotóxicos, conservantes e a qualidade dos alimentos que chegam à mesa.
Os alimentos são frequentemente sujeitos à contaminação por microorganismos  e suas toxinas em todas as fases de seu processamento. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), as toxinas têm se caracterizado como uma das principais causas de doenças de origem alimentar.
As toxinas ou  micotoxinas são metabolitos tóxicos  produzidos por alguns fungos filamentosos que podem surgir a partir de fatores biológicos ou ambientais, na colheita, armazenagem e distribuição dos alimentos, dependendo das condições de umidade, temperatura e da presença de oxigênio.
As toxinas  mais relevantes para a segurança sanitária de alimentos são as aflatoxinas, a ocratoxina A, a zearalenona , a patulina, dentre outras.
As aflatoxinas são encontradas como contaminantes em:
– Amendoim, Nozes, Castanhas,Amêndoas,Milho, Centeio, Cevada, Sorgo, Trigo, Aveia, Arroz,Feijão, Frutas secas e no Leite.
As ocratoxinas são encontradas em alimentos como:
– Milho, Cevada, Centeio, Trigo, Aveia, Suco  de uvas e Vinhos, Carne suína e embutidos.
A zearalenona  pode estar presente em:
- Milho, cevada  , malte.  Centeio, Aveia, Arroz Banana, nozes, Soja e na Cerveja.
É fundamental ressaltar que a ação do cozimento, mesmo em altas temperaturas, não destrói as toxinas já presentes nos alimentos.

Toxicidade
A exposição crônica em baixas doses poderá levar a anorexia, retardo do crescimento, imunotoxicidade,reprodução prejudicada e baixo desenvolvimento resultante de toxicidade materna.
Também ocorrem alterações na resposta imune inata e na microbiota(flora intestinal).
Casos mais graves de exposição as micotoxinas, como câncer de fígado e  câncer mamário,  estão relatados na revista Nature, vol516 de 04/12/2014.

Cuidados
É  preciso tomar cuidado ao comprar alimentos principalmente os que não são submetidos à fiscalização sanitária.
Dê preferência aos alimentos da época, provenientes de pequenos produtores, pois tem menor tempo de estocagem evitando assim  o desenvolvimento de fungos e toxinas.
Na sua casa, guarde os alimentos em lugar seco,limpo, evite a estocagem de grandes quantidades e sempre observe o tempo de validade de cada produto.
Também é importante consumir alimentos com  selo de qualidade como o fornecido pela ABICAB( Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Derivados).

 Regulação brasileira
Os alimentos comercializados no Brasil devem respeitar um limite máximo para a presença de micotoxinas, de acordo com a Resolução RDC 07/2011, publicada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A norma da agência estabelece limite para 14 categorias de alimentos, como leite e produtos lácteos, sucos de maçã e uva, dentre outros. 

A resolução, no entanto, terá sua implementação plena em 2016 .  Confira na integra a resolução RDC 07/2011 - www.anvisa.com.br

Fontes:

Universidade Federal de Lavras
Food Control (2013) -87-92
Micotoxinas em Alimentos- Scussel, Vlides Maria
Anvisa